quinta-feira, 24 de maio de 2012
Coco Bongo Night Club
Era noite de pouco movimento no inferninho de quinta chamado Coco Bongo:
- Vê aí uma xiboquinha – pede a puta ao homem que enxuga taças atrás do balcão.
- Não prefere uma cerveja? Pode pedir na minha comanda – intervém o cliente que a corteja.
- Cerveja dá barriga. Curte puta barriguda?
- Não, não... bem pensado.
O cliente guarda a comanda no bolso e, com carinha maliciosa, acaricia a perna da puta.
- Vamos subir pro quarto? – ela se impacienta.
- Podemos conversar mais um pouco? – escancara os dentes para ela - Achei você inteligente.
- Mais? Te contei tudo da minha vida: de quando perdi a virgindade, do meu primeiro programa, do padrasto que me batia...
- Katyene, você devia ter denunciado esse filho d'uma égua!
Katyene o encara incrédula por alguns segundos. Depois encerra o assunto:
- Preocupa não, ele já morreu – se levanta e cruza os braços - Vai enrolar muito ainda?
- Ok... vamos subir. Como é o esquema mesmo?
- Vou repetir: cento e cinqüenta, fora o quarto. Oral só com camisinha e anal jamais, não insista – puxa o cliente pela mão - Vem logo!
Após pagar o programa, o cliente é levado pela puta ao cubículo.
- Lava seu pau ali no chuveiro. Toma o sabonete e a toalhinha fofa.
- Sério? Mas eu tomei banho antes de sair.
- Só uma lavadinha, vai – começa a se despir - Usa a pia mesmo.
- Tá.
- Empresta o isqueiro?
- Por que você tá susurrando?
- Tô? Nem percebi.
- Isso aí é um baseado? – ele estranha.
Katyene gesticula, pedindo para o cliente falar mais baixo.
- É, é. Deixa eu te pedir um favor?!
- Pronto. Meu amigão já tá limpinho, olha só – rodopia o pinto murcho como uma hélice.
Ignorando a triste cena, a puta prossegue:
- É proibido fumar nos quartos. Se o segurança bater na porta, diz que o béque é seu, belê?!
- Ué, mas eu não vou me foder com isso?
- Pra você não dá nada. Agora se eu for pega, tô proibida de trabalhar aqui.
- Nossa! Sendo assim...
Katyene tampa o nariz para prender a fumaça e oferece o baseado ao cliente.
- Quer?
- Não, valeu. Eu não costumo...
A puta solta uma baforada.
- Relaxa, vou te fazer uma massagem. Deita lá.
- Oba! Era tudo o que eu queria.
- Meu Deus, quantos nós! Tem tempo que você não trepa, fala aí!
- Mmmmm... é, um tempão.
TOC TOC TOC TOC
- O que foi isso? – o cliente amedronta-se.
- Calminha aí, é só um chato batendo. ACABOU AINDA NÃO! – grita Katyene, sobressaltando o cliente.
- Porra, acabei brochando...
- Ihhh... acelera isso aí – aponta pra o relógio - Vai querer como? – posiciona-se de quatro - Assim tá bom?
TOC TOC TOC TOC
- QUE É? PORRA!! – esgoela-se Katyene mais uma vez.
- ABRE AGORA! – responde uma voz rouca com igual truculência.
- Fodeu! Vou ter que abrir – levanta-se deixando o cliente com o pinto murcho na mão.
- Espera eu me vestir!
- Ah, fala que o béque é seu, tá!? – ela susurra.
- Peraí...
Com jeito insolente, Katyene abre a porta. Imediatamente o segurança coloca a cabeça para dentro do quarto.
- Que foi, Alceu?
- Deixa eu entrar.
- Pra quê? Tem cliente pelado aqui.
Alceu tenta olhar por sobre os ombros de Katyene.
- Tô vendo. Que marofa é essa aí?
- Nada. Ele acendeu um, mas eu já pedi para apagar.
Alceu atropela Katyene e entra no quarto.
- Ô malandro, levanta daí!
- Eu? – deitado na cama, o cliente tenta vestir a calça jeans mas se enrola com ela nas pernas.
- Não sabe que é proibido droga aqui?
- Calma, irmão, eu tô limpo – o cliente levanta os braços como se estivesse sob a mira de uma arma.
- Então não é seu?
- Não... ou melhor, é...
- É OU NÃO É, PORRA?
O grito do segurança faz o cliente colar na parede.
- É sim, é sim... fica frio aí.
- Tá tirando com a minha cara, mano?
- Imagina!
- Alceu, ele já apagou e não vai acender mais – mansamente intervém a puta.
- Não quero saber! O maluco disse uma coisa e depois desmentiu – Alceu fulmina o cliente com o olhar - Aqui é na base da confiança, tá ligado? Desrespeitou é rua!
- Péra lá, eu paguei, e minha massagem?
- Eu te faço uma agora, mano, vira de costas aí!
- Não precisa. Já levantei.
- Direto pro caixa sem olhar pra trás! Não quero mais ver sua cara aqui.
- Tá, mas e meu dinheiro? Vão devolver né?!
- Caralho, como tu é folgado, mano! – Alceu levanta os punhos - Já tá no lucro de não levar um cacete!
- Sem engrossar, amigo. Tô indo.
O cliente obedece ao segurança e desce direto até o caixa para pagar as cervejas que consumiu.
- Pensei que fosse dar porrada nele de verdade – acende o baseado novamente a puta.
- Katy, fiquei com a mão coçando – o segurança abre um sorriso branquíssimo.
- Você é ruim, Alceu.
- Sou nada. Quanto tempo falta, nega?
- Só quinze minutos.
- Beleza, então capricha na massagem.
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