segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Dreads


- Foda-se a minha etnia! Eu sigo o Rei dos Reis e seu pedido é inadmissível.
- Então vem, Rei dos Reis, Leão Conquistador da Tribo de Judah, ruge pra mim.
- Que isso, mulher!? Eu sou um humilde servo. Só quem merece o título de Leão é Hailê Selassiê.
- Se tu é servo, me sirva ao menos uma vez, seu vagabundo!
- Sou servo porém livre! Além do mais, isso é uma puta heresia. Anti-higiênica, inclusive.
- Porra, mas que rastafari chato você é! Bob curtia uma sacanagem, não curtia? Olha a caralhada de filho que ele deixou.
- Deixou, mas duvido que penetrou o dread na vagina de alguém.
- Não era bem na vagina que eu queria, amor.
- Você sabe o trabalho que dá pra cultivar e manter isso aqui?
- Ai, que vaidoso.
- Não podemos fazer outra coisa?
- Vamos inaugurar um novo fetiche!
- Você tá bêbada.
- Dreadfucking?
- Desculpa, mas não é só um visual descolado.
- Ah, claro! Um loirinho de Moema que cultua um Deus Etíope. Toma vergonha nessa cara.
- Toma você! Quem vai ficar com o dread exalando cu por aí serei eu. É indigno!
- Devia te excitar.
- Não tenho essa perversão.
- Nem se te compensar depois pela dádiva?
- Parece um favor bem abjeto.
- Se você fosse um negão de verdade, talvez eu não estivesse quase implorando por esse “favor”.
- Tá insinuando que tenho o pau pequeno porque sou branco?
- Insinuando que você não gosta.
- Ok, então vira! Depois não reclama se te contaminar. 
- Sabia!
- O quê?
- Pode ser mórmon, muçulmano, satanista, o que for!
- Como assim?
- Bastou duvidar da masculinidade que você já caga sobre o Levítico e limpa a bunda com o Velho Testamento.
- Ainda podemos desistir.
- Vem cá, predador! Mas com jeitinho porque eu nunca fiz isso.